InícioAraripina em FocoSedativo, soda cáustica e cova: como o menino Bernardo Boldrini foi morto

Sedativo, soda cáustica e cova: como o menino Bernardo Boldrini foi morto

Com atraso de três horas e meia, foi iniciado às 13h de ontem, segunda-feira (11/03) em Três Passos (RS) o primeiro dia do júri popular dos quatro acusados do assassinato de Bernardo Boldrini, de 11 anos, desaparecido e morto no dia 4 de abril de 2014, uma sexta-feira. A audiência é comandada pela juíza Sucilene Engler.

O corpo do garoto foi encontrado dentro de uma cova na cidade de Frederico Westphalen (RS), no dia 14 do mesmo mês, perto de um rio. Estão sendo julgados Leandro Boldrini, pai da vítima, Graciele Ugoline, madrasta, Edelvânia Wirganowicz, amiga de Graciele, e Evandro Wirganowicz, irmão de Edelvânia. Os réus alegam inocência.

A primeira e mais aguardada testemunha do dia foi Caroline Virgínia Machado, delegada que presidiu o inquérito sobre o caso. Caroline relatou ao longo de quase quatro horas e meia detalhes de alguns depoimentos colhidos ao durante os trabalhos. Segundo ela, Bernardo morreu por uma dosagem alta de Midazolam em seu corpo, droga usada para sedar pacientes em situações como a realização de endoscopia. Em doses elevadas, o remédio tira a capacidade respiratória do organismo.

A presença de Midazolam foi detectada no fígado, nos rins e no estômago do garoto. Há duas possibilidades de aplicação da droga: via oral (comprimidos foram comprados em farmácia por Graciele e Edelvânia) e por injeção (ampolas do remédio foram retiradas do consultório de Boldrini). Pelo estado de decomposição do corpo, não pôde ser analisada a presença de picadas na pele. Após as injeções letais, o menino foi jogado em uma vala cavada dois dias antes – onde depois recebeu soda cáustica antes de o buraco ser fechado com ele, já morto, dentro.

Cupons fiscais e imagens de câmeras mostram que Graciele e Edelvânia compraram ferramentas como pá, além de soda cáustica e do remédio, na quinta dia 2 (dois dias antes do assassinato). Segundo a delegada Carolina, as duas rés foram infelizes na tentativa de abrir a cova, não tiveram forças, por ser um solo cheio de raízes. Daí a decisão de acionar Evandro Wirganowicz, irmão de Edelvânia, chamado para exercer essa função. Imagens de segurança mostram que o carro dele foi até a região onde Bernardo foi encontrado. Em um primeiro momento, Evandro negou ter ido até aquela parte da cidade – depois de contestado pelas imagens de segurança que mostraram seu veículo, deu a versão de que teria ido pescar. O advogado de Evandro, Luiz Geraldo Gomes do Santos, diz não haver nenhuma prova real – compra de ferramentas, por exemplo – e que trata-se de uma injustiça a prisão preventiva de seu cliente.

RELACIONADOS