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Nações Unidas alertam para risco de nova epidemia de Aids


O Globo l AF Notícias

O Programa Conjunto das
Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) alertou em um relatório divulgado ontem
que, embora o número de novas infecções tenha declinado, ainda são necessárias
medidas para evitar a retomada de uma epidemia global.
Estima-se que 1,9 milhão
de adultos são infectados pelo HIV a cada ano, de acordo com observações
realizadas entre 2010 e 2015. Em todo o mundo há cerca de 36,7 milhões
infectados.
Os novos registros de HIV
entre adultos (pessoas com mais de 15 anos de idade, segundo o relatório) estão
subindo em várias regiões do mundo: Leste Europeu, Ásia Central, Caribe,
Oriente Médio e Norte da África.
Também foi registrado
aumento, embora menos significativo, na América Latina. No Brasil, por exemplo,
o número de casos cresceu 4% desde 2010. O país é elogiado por tomar
iniciativas como fornecer preservativos gratuitamente, mas recebe críticas pela
má distribuição dos recursos voltados à prevenção contra a doença.
— Estamos soando o alarme
— disse Michel Sidibé, diretorexecutivo da Unaids. — Temos uma janela de
oportunidade de cinco anos. Se perdermos isso, não seremos capazes de encerrar
a epidemia de Aids até 2030.
35 MILHÕES DE MORTOS
Desde o seu início, há 35
anos, a epidemia de HIV matou cerca de 35 milhões de pessoas com doenças
relacionadas à Aids, e aproximadamente 78 milhões foram infectadas com o vírus.
O grupo mais vulnerável, que responde por 20% dos novos registros anuais, é de
mulheres entre 15 e 24 anos.
— A prevenção ao HIV não
está funcionando entre jovens mulheres na África Subsaariana. Elas precisam de
mais opções — reivindicou Sidibé.
No Leste Europeu e na Ásia
Central, o índice anual de novas infecções por HIV aumentou 57% nos últimos
cinco anos. Cerca de metade das ocorrências foi entre pessoas que injetam
drogas. Rússia e Ucrânia registram nove entre cada dez novos casos nestas duas
regiões. Segundo Sidibé, a epidemia está se movendo vagarosamente dos grupos de
risco para toda a população.
Em 2014, segundo o
relatório, homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo e
seus clientes, transgêneros, pessoas que injetam drogas e prisioneiros estavam
ligados a 35% das novas infecções de HIV no mundo.
Estima-se que homens que
fazem sexo com outros homens têm 24 vezes mais riscos de serem infectados com o
vírus HIV do que o resto da população. Entre os transgêneros, este índice é 49
vezes maior do que o observado em outras pessoas.
De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, todas as pessoas diagnosticadas com HIV devem ter
acesso imediato a medicamentos antirretrovirais, que mantêm o vírus sob
controle e dão aos pacientes uma boa chance de ter uma vida longa e
relativamente saudável.
O alerta do aumento das
infecções por HIV é divulgado no momento em que as contribuições internacionais
para a luta contra a Aids atingiram seu nível mais baixo desde 2010. Em 2013, a
população infectada contava com US$ 9,7 bilhões. No ano passado, o valor caiu
para US$ 8,1 bilhões. Para compensar a queda, os países em desenvolvimento
intensificaram investimentos domésticos em saúde pública.

O novo relatório critica o
modo como o Brasil distribui suas riquezas no combate ao vírus da Aids. Aqui,
apenas 6% da verba é destinada à prevenção efetiva. Trata-se de um índice menor
do que o observado em outros dois países cuja doença tem padrão epidêmico — na
África do Sul, o investimento nesta finalidade equivale a 10% dos recursos para
a luta contra o HIV e em Myanmar, a 15%.
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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